Imersão em Aquidauana incluiu formações de educadores e coleta de insumos com professores indígenas
Na escola indígena de Ensino Médio Integral e Técnico da comunidade de Dois Irmãos do Buriti, no Mato Grosso do Sul, os componentes educacionais tradicionais, como geografia e história, são conectados com a cultura da comunidade. “A geografia, por exemplo, está totalmente ligada à agroecologia e à agrofloresta, recuperando árvores frutíferas da região com os alunos; a educação técnica dialoga com a produção de artesanato”, conta Glória Almeida, analista sênior de projetos do Instituto Natura.
A visita ao colégio fez parte de uma imersão que é parte do programa MS Alfabetiza Indígena, lançado em maio com o objetivo de produzir materiais didáticos do programa de alfabetização no tempo adequado do estado para quatro línguas indígenas. O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso do Sul (SED/MS) e pela Fundação de Desenvolvimento da Educação Básica (FADEB/MS), com apoio do iN.
Entre os povos do Pantanal, são contempladas as línguas Terena e Kadiwéu; o mesmo trabalho está sendo feito os povos do Cone Sul com as línguas Guarani e Kaiowá. Em outubro, formações foram realizadas em Aquidauana e grupos de trabalhos foram organizados para coletar insumos dos professores indígenas para a produção linguística para as línguas Terena e Kadiwéu.
“É um grande passo, porque no Brasil temos mais de 270 línguas indígenas e cada uma tem suas particularidades. Além de a oralidade ser um histórico muito forte que influencia nesse processo de produção, há um grande desafio de sistematização da escrita das línguas indígenas. Ainda não vimos outro estado brasileiro fazendo esse processo de forma tão estruturada e robusta”, destaca Glória Almeida, que representou a Aliança pela Alfabetização (que, além do iN, inclui a Fundação Lemann e a Associação Bem Comum).
O Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com maior população indígena no Brasil – são oito povos vivendo em 28 municípios. Dados da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania do estado apontam que há 46 escolas indígenas na região, que atendem 11.860 estudantes.
