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Gestores e organizações fazem imersão na educação pública de Sobral

Visitantes conhecem escolas e diretrizes que ajudaram município cearense a ser referência nacional 

Foram três dias de visitas, conversas e formações. O grupo de 32 lideranças, com representantes de 16 entidades, esteve em Sobral entre os dias 23 e 25 de agosto. A imersão no município cearense foi organizada pelo Centro Lemann, parceiro do Instituto Natura, com o objetivo de disseminar a experiência da educação local, uma das iniciativas mais bem-sucedidas na educação pública brasileira. 

Entre os locais visitados, estiveram escolas que são referência pela erradicação do analfabetismo e pela redução da evasão escolar. “Foi um contato incrível, porque mostrou uma gestão escolar e pedagógica movida pelo vínculo”, contou Haline Floriano, analista sênior de articulação das Agendas Prioritárias do iN. “Todas as pessoas da escola estão percorrendo um único objetivo: a qualidade do aprendizado e o foco no resultado.” 

Para Haline, a conversa com a diretora da escola evidenciou o engajamento com a comunidade que sustenta a convergência de objetivos dos agentes envolvidos no processo de aprendizado. “Isso aparece em tudo que vimos: alunos lendo e escrevendo perfeitamente na idade certa e todos muito conectados com a escola, os professores e a diretora. Os resultados são valorizados desde cedo, a gente viu o Ideb, por exemplo, aparecer nas falas dos próprios alunos, porque eles também se sentem responsáveis por esse trabalho”, explicou Haline. O município cearense tem um sistema de avaliação de aprendizagem robusto, coordenado pela Casa de Avaliação, centro responsável por organizar todos os monitoramentos – avaliações de matemática e português, por exemplo, além das avaliações de fluência. 

A Escola de Formação de Sobral, que pensa toda a estrutura para as escolas de Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental, foi um dos centros visitados pelo grupo. Ali é feito um trabalho de planejamento da rede e desenvolvimento dos professores.

“Eles olham para os resultados de avaliação, para o conteúdo do material didático e, a partir daí, estruturam as propostas formativas”, explica Márcia Ferri, gerente de Alfabetização do Instituto Natura. “Os professores, uma vez por mês, saem da sala de aula para participar do momento formativo presencial. Em todas as escolas há diretores e formadores que também têm formação, para que eles possam dar estrutura e apoio ao professor que está na sala de aula.”

Equipes das secretarias de educação de Cachoeira do Itapemirim, no Espírito Santo, e Benevides, no Pará, integraram a comitiva. “A gente começa a perceber uma teia de municípios querendo vir visitar Sobral pra olhar essa revolução que o município está fazendo, que está sendo chamada de Sobral 2.0, esse processo de integralização”, celebra Márcia Ferri. 

A gerente de Alfabetização do iN conta que a experiência em Sobral mostra algumas diretrizes importantes sendo colocadas em prática. Nas escolas de Educação Infantil visitadas, ela observou o monitoramento da frequência e a busca ativa dos alunos, que considera um fator importante para o sucesso do processo educacional. “Junto com isso, vem um trabalho de gestão pedagógica, e de formação e orientação das famílias. São projetos, por exemplos, para orientar como tratar a criança quando ela faz birra ou até para diminuir a violência reproduzida nos filhos, às vezes por desconhecimento”, descreve. 

A equipe do Instituto Natura encontrou no município um trabalho em rede efetivo em todas as etapas de ensino, que ampara e impulsiona estudantes de todas as idades. Todas as frentes de formação, avaliação, gestão pedagógica, material didático complementar e definição de metas claras são implementadas nas escolas locais.

“Há uma preocupação de fazer o arroz com feijão bem feito, o básico, que é garantir que as escolas operem da melhor forma possível, visando a aprendizagem, a qualidade e a equidade”, conta Haline Floriano. “Também chama atenção o compromisso de Sobral em customizar as escolas, deixar cada espaço com a cara das crianças e das famílias que o frequentam. Há um entendimento da importância de conectar o estudante com o território.”

Para Márcia Ferri, esse conjunto de fatores é o que fez de Sobral uma referência. “O que a gente vê em Sobral é a escola cumprindo o seu papel social, a escola fazendo o que deve ser feito, que é ensinar as crianças a aprenderem suas competências e habilidades, conteúdos e saberes, no tempo adequado”, exalta. “Essa escola que visitamos tinha alunos do segundo e quinto ano no tempo integral e todos tinham muita clareza da importância da escola, de estar na escola, de saber e aprender. Os professores também tinham total clareza do papel deles como atores que ajudam a mediar o conhecimento nessa relação do aluno com o saber.” 

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