O Brasil vive um momento decisivo para enfrentar um dos desafios mais estruturantes da educação básica: garantir que todos os estudantes aprendam matemática com qualidade. Com esse foco, o Instituto Reúna realizou, em 26 de novembro, o seminário Gente que Soma – Aprendizagem da Matemática para Todos, no auditório da B3, em São Paulo. A iniciativa, apoiada pelo Instituto Natura, B3 Social, Fundação Lemann e Itaú Social, deu continuidade às discussões iniciadas em setembro, durante uma imersão promovida na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

O encontro reuniu representantes do poder público, organizações da sociedade civil e pesquisadores, criando um espaço de análise e construção conjunta sobre os caminhos para fortalecer o ensino de matemática no país. As conversas combinaram evidências, experiências de redes de ensino e reflexões sobre políticas públicas, equidade racial e formação docente.

O Instituto Natura foi representado por Marcia Ferri, gerente de Alfabetização da entidade, que ressaltou a dimensão social e educacional do tema. “A gente sabe que só teremos um país justo, que tenha a inclusão como orientação, se colocarmos a pauta da matemática como prioridade”, afirmou.

Um dia de debates sobre políticas, formação docente e equidade

A programação foi estruturada em quatro painéis que abordaram diferentes perspectivas sobre a aprendizagem matemática no Brasil. O primeiro discutiu políticas públicas para garantir o direito de aprender, destacando o decreto federal que estrutura uma política nacional para a área. Nesse debate, chamou atenção o dado que mostra que apenas 3% dos jovens negros que concluem o Ensino Médio alcançam aprendizagem adequada em matemática, evidenciando desigualdades profundas que precisam ser enfrentadas.

O segundo painel tratou da formação dos professores e práticas pedagógicas. Foram apresentados os resultados da Escuta Nacional de Professores e Professoras que Ensinam Matemática, conduzida pelo MEC, que reuniu mais de 57 mil contribuições de docentes de todas as regiões e trouxe pistas importantes para orientar políticas de formação.

Em seguida, o terceiro painel conectou estudos de neurociência e educação para mostrar como o desenvolvimento cerebral é influenciado por fatores como ambiente escolar, instrução explícita e oportunidades educativas. As evidências apresentadas reforçaram que a aprendizagem matemática é resultado de interações complexas e contínuas.

O último painel aproximou pesquisa e prática ao discutir como descobertas acadêmicas, diagnósticos, análises internacionais e experiências de equidade podem orientar decisões nas redes de ensino e fortalecer a implementação do Compromisso Toda Matemática. A programação foi encerrada com a apresentação de um manifesto que sintetiza os desafios e convoca diferentes setores da sociedade a seguir avançando no tema.

Destaque no Podcast do Instituto Natura

O tema também foi discutido em um dos episódios do Podcast do Instituto Natura, que reuniu David Saad, diretor-presidente do Instituto, e Katia Smole, diretora-executiva do Instituto Reúna, em uma conversa sobre as dificuldades históricas do ensino de matemática no país e os caminhos possíveis para garantir aprendizagem consistente desde os primeiros anos escolares. Clique para ouvir. 

Repercussão na imprensa
Em reportagem sobre o evento, a  CNN Brasil destacou os dados, os desafios e a importância de ações coordenadas para melhorar a aprendizagem da matemática no país.